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Sem dúvidas você já se deparou com esse termo que se tornou tão popular. Mas será que você sabe o seu real significado? Será que o Quiet Quitting está presente e pode impactar o seu cartório? Leia este artigo e entenda por que essa tendência do mercado de trabalho surgiu e como lidar com ela.
Quiet quitting: o termo, que surgiu no Reddit e se popularizou através de redes como o TikTok e o Twitter, certamente já passou pela tela do seu celular.
E, como em qualquer tipo de empresa, esse comportamento pode estar presente, sim, no seu cartório.
Você sabia que, na verdade, o Quiet Quitting pode ser mal interpretado, por conta do seu nome em inglês, e que algumas reações equivocadas a ele podem diminuir a produtividade da equipe ainda mais?
Para evitar isso, é necessário entender a definição correta do Quiet Quitting e os motivos do seu surgimento.
Assim, você, que é Titular de Cartório, terá as informações certas para lidar com essa realidade da melhor forma possível, e mais: aumentar o engajamento e os resultados da sua equipe.
Aqui no Brasil, o termo recebe a tradução de demissão ou desistência silenciosa, o que pode nos levar a uma interpretação errada, já que sua intenção não é literal.
A expressão é usada para definir quando o trabalhador se limita a realizar apenas as tarefas presentes em sua descrição de trabalho, não excedendo também o horário determinado.
Ou seja, quem pratica o chamado Quiet Quitting NÃO pretende desistir do seu cargo, nem pedir, ou causar, a demissão.
A intenção desses funcionários é garantir que o excesso de trabalho não interfira em sua qualidade de vida, evitando estresse e outros problemas.
Troca justa: essa é a ideia desse conceito.
Ou seja, o trabalhador não faz nada a mais do que precisa para manter o seu emprego enquanto, e isso é importante, também não recebe nada a mais por isso.
E esse “a mais” nem sempre significa maior remuneração financeira, como explicaremos melhor ao longo deste texto.
Aqui cabe citarmos outro tema bastante discutido: o burnout.
Trata-se de um distúrbio bastante sério que causa exaustão extrema, tanto física quanto psicológica, e outros sintomas como depressão, insônia, ansiedade e até ganho de peso.
A causa desse distúrbio? O excesso de trabalho.
Portanto, é justamente por conta desse problema que o Quiet Quitting se tornou uma realidade.
A geração Z, que são os nascidos entre 1996 e 2012, é uma geração muito mais preocupada com a saúde mental, tendo em vista a experiência que puderam observar da geração anterior, os millennials.
Segundo pesquisa realizada pela Forbes, 66% dos millennials possuem compulsão pelo trabalho, o que rendeu o título de “geração burnout” a eles.
A pesquisa divulgou ainda que 63% das pessoas dessa geração trabalham mesmo quando estão doentes, e 70% ficam ativos até mesmo nos finais de semana.
Além disso, vivemos em uma realidade bastante desafiadora:
A pandemia nos traumatizou de diversas formas, e ainda há questões como a crise climática, econômica, a desigualdade social, os preconceitos ainda fortes, entre outros fatores que fizeram as pessoas repensarem sobre o espaço que deixam o trabalho ocupar em suas vidas.
Isso é o que diz a pesquisa “Carreira dos Sonhos 2022”, que afirma que “a busca por produtividade máxima, quando somada a um senso de urgência arbitrário, está levando as pessoas à exaustão, impactando negativamente a agilidade e a produtividade”.
Portanto, a conclusão é que o Quiet Quitting, na realidade, é uma tentativa de preservar a saúde mental e física, para que a produtividade não seja interrompida pelo burnout e para que a vida pessoal não seja afetada.
Você já entendeu o conceito e as motivações do Quiet Quitting, porém é inegável que o desejo e a necessidade de qualquer líder é ter uma equipe motivada AO MÁXIMO.
Pessoas com paixão pelo que fazem, que querem se atualizar e aprender cada vez mais, com certeza, são o sonho de qualquer empresa.
Inclusive, essas características são muito positivas aos profissionais também.
Praticar o Quiet Quitting pode, sim, prejudicar uma carreira, como diz o texto da fundadora do Grupo Cia de Talentos, Sofia Esteves, no LinkedIn.
Segundo ela, quando o funcionário se esforça para fazer mais, ele adquire novas experiências e conhecimentos.
Participar de reuniões, novos projetos, se aventurar em conhecer outras áreas e temas, tudo isso é essencial para o desenvolvimento profissional e, também, pessoal.
Para lidar com essa situação na serventia, primeiro é preciso saber diferenciar se o membro da equipe está praticando o Quiet Quitting ou se está sendo um mau funcionário, de fato.
Basta observar que o praticante de Quiet Quitting não faz atividades além do seu cargo, nem do seu horário, porém todas as suas entregas estão sendo feitas dentro do prazo e com eficiência.
Observe também que os jovens são mais propensos a esse comportamento.
Um levantamento da Gallup afirma que cerca de 55% dos que nasceram depois de 1989 estão desmotivados com seus trabalhos e fazem apenas o mínimo esperado.
Depende do caso! É preciso analisar com cuidado o comportamento do funcionário.
Segundo artigo publicado no site Rota Jurídica, por Ana Luiza Santos Rosa, na alínea “e” do artigo 482 da CLT, desleixo, preguiça e baixa performance podem ser motivos de demissão por justa causa.
No entanto, se as funções contratuais estão sendo cumpridas, como explicamos no tópico anterior, não, não há justificativa para esse tipo de demissão.
Finalmente, vamos à prática.
Existem maneiras de conciliar todas as partes e tomar atitudes que beneficiem tanto o seu funcionário quanto os resultados da sua serventia.
Confira nossas dicas e veja como lidar com isso é mais simples do que parece e ainda vai elevar a produtividade do seu time.
Quiet Firing é uma resposta ao Quiet Quitting que consiste na liderança promover condições de trabalho desgastantes, a fim de que o funcionário não suporte mais e peça demissão.
Nem é preciso dizer que isso é um tiro no pé.
O Quiet Quitting é uma tendência e veio para ficar. Essa atitude apenas gerará uma rotatividade frequente de funcionários que trará prejuízos ao cartório.
Ainda mais em um cenário em que profissionais eficientes e especializados estão em escassez, como vimos neste outro artigo do blog.
Segundo estudo de Zenger Folkman, uma gestão de qualidade é o que incentiva funcionários a serem leais à empresa e se empenharem mais.
Foco nisso, portanto!
Se o seu funcionário não se sente motivado a fazer NADA além do que é pedido, nem a se esforçar para se atualizar, entenda o motivo.
Ele não se sente valorizado? O ambiente de trabalho está ruim?
Promova entrevistas individuais e descontraídas para entender o que precisa ser mudado.
Lembre-se de demonstrar que está sempre aberto a escutar e disposto a alterar qualquer situação que esteja deficiente.
A pesquisa Carreira dos Sonhos 2022, que já citamos neste texto, averiguou que os trabalhadores consideram que os aspectos mais importantes do trabalho são: sentir‑se apoiado em seu crescimento profissional e sentir‑se parte da empresa, além de garantia de bem-estar e qualidade de vida.
Para atender a essa necessidade, ofereça planos de saúde que cubram a saúde mental dos seus colaboradores.
Você também pode oferecer vales para a frequência em academias, promover palestras a respeito do tema e práticas diárias no ambiente de trabalho, como exercícios laborais, alongamentos etc.
Mostre que você reconhece que um trabalhador saudável é um trabalhador produtivo e valioso.
Procure deixar claro, desde o início, na contratação, o que é esperado do membro da sua equipe.
Promova reuniões frequentes para que essas expectativas permaneçam sempre alinhadas.
Pode, sim, acontecer de o seu funcionário simplesmente não saber que você espera mais dele e continuar executando as tarefas como sempre fez.
Cabe a você dar feedbacks assertivos, que não deixem dúvidas, tanto positivos quanto construtivos.
Se o Quiet Quitting acontece porque o funcionário sente que faz a mais, mas não tem retorno, pense no que pode fazer por ele também.
Quer que ele se voluntarie para ficar um pouco além do expediente?
Seja flexível para os momentos de emergência em que ele precisar faltar ou atrasar, por exemplo. Ou mesmo permita que ele faça home office em certas ocasiões.
Com certeza ele ficará mais disposto a auxiliar nas horas em que precisar, e com eficiência!
A liderança também pode praticar Quiet Quitting, o que reflete em toda a equipe.
Uma liderança que não incentiva, que promove um ambiente excessivamente competitivo, evita dar feedbacks, não oferece reconhecimento nem promoções, pode sim, resultar em Quiet Quitting.
Isso é o que diz Ed Zitron, que é CEO da EZPR.
Para ele, quando o líder não cria uma cultura organizacional na qual há motivação pessoal e profissional da equipe, a Quiet Quitting acontece.
Citando novamente a pesquisa Carreira dos Sonhos 2022, concluímos que oferecer especialização à equipe é, definitivamente, uma forma importante de evitar o Quiet Quitting.
Isso porque, de acordo com os entrevistados, o que eles mais gostariam que seus líderes fizessem a mais por eles é “apoiar o autodesenvolvimento contínuo das pessoas”.
A mesma pesquisa revelou que os trabalhadores também consideram a inovação um fator a mais de incentivo.
Eles afirmam que gostariam que seus gestores criassem “condições para as pessoas experimentarem novas formas de fazer as coisas”.
Não é à toa que sempre falamos nos artigos aqui do blog sobre a importância da tecnologia nos cartórios.
Se você oferece softwares para sua equipe trabalhar com mais agilidade e eficiência, a motivação cresce, na medida em que os funcionários não mais precisarão dispender esforços e tempo a mais do que o necessário para realizar tarefas simples.
Sabia que, segundo o National Business Research Institute, um bom e próximo relacionamento entre a equipe de trabalho aumenta em quase 50% a satisfação e, portanto, a motivação dos trabalhadores?
Por isso é muito importante se esforçar para incentivar a amizade, a cumplicidade e o respeito no dia a dia da serventia.
Aliás, publicamos um artigo recente a respeito disso, que você pode conferir aqui.
É possível fazer com que o tão falado Quiet Quitting não prejudique em nada seus resultados.
É simples:
Aquele esforço a mais que tanto precisamos e desejamos nas equipes de trabalho precisa ser recompensado, e nunca exigido ao extremo, para que as pessoas que contribuem com você continuem saudáveis e motivadas a darem o seu melhor.
Assim, todos saem ganhando!
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